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Os erros comuns ao contratar um consórcio

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O Banco Central divulga todos os meses o ranking das administradoras de consórcios com o maior número de reclamações de consumidores. O levantamento revela que a satisfação é elevada, já que o número de queixas é muito pequeno quando comparado aos quase 5 milhões de brasileiros que participam de algum grupo. Mas muito mais alto é o número de pessoas que compra um consórcio e depois acaba desistindo por arrependimento. EXAME.com conversou com Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), sobre como fazer a compra consciente desse produto. Veja a seguir os 10 erros mais comuns a serem evitados:

Consórcio é só para quem não precisa do bem agora

O consórcio é uma forma de comprar um bem daqui a algum tempo. Se você precisa de um carro novo ou de um imóvel agora e não tem todo o dinheiro necessário para quitar o bem, é melhor tomar dinheiro emprestado em um banco. Por meio de um consórcio, é possível comprar um bem sem ter todo o dinheiro necessário desde que haja a contemplação. Todos os meses, é realizado um sorteio para decidir quais cotistas do grupo receberão a carta de crédito que permitirá a compra do bem. Mas é arriscado contar a própria sorte. Há consórcios que possibilitam a aquisição de um veículo em 80 meses. Para imóveis, os prazos já alcançam 200 meses. Alguém sempre ficará por último e terá de esperar todo esse tempo para comprar o bem desejado. Há sempre a chance de que esse azarado seja você.

Vale notar que qualquer pessoa que tenha planos de comprar um veículo ou imóvel no futuro sempre vai ter a possibilidade de investir o dinheiro em alguma aplicação financeira e ganhar juros ao invés de ter custos como taxas de administração em um consórcio. A diferença é que essa pessoa não terá a chance de ser sorteada logo de cara e adiantar muito o momento da aquisição do bem. É essa crença que leva 4,78 milhões de brasileiros a participar de algum consórcio atualmente. Os bens que mais são comprados dessa forma são motos (2,25 milhões de quotistas), carros (1,63 milhão), caminhões (191.000) e imóveis (635.000).

Verifique a regularidade da administradora do consórcio

Essa é a primeira coisa que qualquer interessado em consórcio deve fazer. Principalmente em cidades de interior, há pessoas que se juntam para criar um consórcio e vender as cotas aos habitantes daquela localidade. Nem sempre há má-fé nessa iniciativa. Mas a prática é ilegal. Somente instituições autorizadas pelo Banco Central podem vender quotas de consórcio. A ideia é que os administradores não possam simplesmente pegar o dinheiro dos participantes do grupo e fugir.

A boa notícia é que é muito fácil identificar as empresas regulares. No site do BC, é possível encontrar todas as empresas com autorização de funcionamento. Já o site da Abac informa o nome de todas as empresas associadas. O BC acompanha de perto os balanços das administradoras de consórcio e pode intervir caso identifique alguma delas com problemas financeiros. Se houver aprovação dos quotistas em assembleia, todo o grupo pode ser transferido para outra administradora sem prejuízo financeiro mesmo que uma administradora quebre.

Já no caso de consórcios sem autorização do BC, o risco é muito maior. Existem até empresas que estão sendo investigadas pela polícia e pelo Ministério Público por suposta montagem de um esquema de pirâmide.

Não existe sorteio garantido

Sempre que o vendedor de um consórcio lhe oferecer quotas com contemplação garantida em pouco tempo, desconfie. Não existe consórcio idôneo que possa garantir que o quotista receberá a carta de crédito daqui a 30 ou 60 dias. Tenha sempre em mente que o prazo máximo para que o sonho da compra do bem seja realizado é o da existência do grupo. 

Não acredite em promessas de lance baixo

A maioria dos consórcios permitem duas formas de contemplação todos os meses: por sorteio e com os lances. A fórmula do lance é bastante simples. O consorciado que se mostrar disposto a adiantar o pagamento da maior parte do bem terá o direito de ser contemplado. Então alguém que planeja comprar um carro de 100.000 reais e oferecer um lance de 50.000 reais ganhará a carta de crédito se ninguém estiver disposto a oferecer um valor superior.

Essa regra funciona muito bem quando a venda é honesta. Mas o vendedor do consórcio pode tentar convencer o cliente que um grupo que está sendo formado reúne apenas pessoas com pouco dinheiro e que será muito fácil dar um lance vencedor para obter a carta de crédito pagando, por exemplo, apenas 30% do valor do bem. Não acredite em promessas desse tipo a não ser que ela esteja registrada em contrato.

Geralmente, será muito difícil ser contemplado por lance nos primeiros meses de um consórcio. Os lances para a compra de imóveis ou carros podem chegar a 60% do valor do bem no início do grupo. Nos grupos que permitem o chamado “lance embutido”, os percentuais podem ser ainda maiores. O “lance embutido” é uma forma de o consorciado usar a própria carta de crédito para apresentar sua proposta.

Num consórcio de imóveis no valor de 300.000 reais, por exemplo, um consorciado pode dar um lance de 150.000 reais e usar 100.000 reais da carta de crédito para cumprir a promessa de pagamento. Nesse caso, o valor total da carta de crédito que será liberada cairá de 300.000 para 200.000 reais, mas o participante só terá de colocar 50.000 reais do próprio bolso para conseguir dar o lance vencedor.

Outra fonte de pressão sobre os percentuais dos lances vencedores foi a decisão do governo de permitir o uso do FGTS para obter a carta de crédito para a compra de imóveis. Então um lance de 150.000 reais pode ser garantido, por exemplo, por 75.000 reais em dinheiro e mais 75.000 reais com recursos do FGTS – desde que obedecidas todas as regras do fundo. O direito a usar os recursos do fundo é benéfico para o comprador, mas acabou inflando o valor dos lances.

Saiba que sair do consórcio nem sempre é tão fácil quanto entrar

É importante o consorciado casar muito bem o tempo de permanência no consórcio com a compra do bem desejado. Se alguém entra em um consórcio para comprar um imóvel em até 150 meses, mas planeja sair do aluguel e se mudar já no próximo ano, pode ter problemas se não tiver sorte nem o dinheiro necessário para dar um lance. Quem entra em um consórcio e depois se arrepende tem duas formas de deixar o grupo e pegar de volta o dinheiro que já foi pago. Vender a quota para um terceiro é uma delas. Mas é o próprio consorciado quem deverá encontrar um interessado. Também é importante manter os pagamentos até o momento da transferência da quota para que ela não seja cancelada.

A outra possibilidade é ser sorteado como desistente – algo que passou a ser permitido há quase três anos. Nesse caso, entretanto, será uma questão de sorte.

Busque a taxa de administração mais baixa

As administradoras de consórcio são livres para estipular as taxas que serão cobradas dos consorciados. Antes de comprar uma quota, vale a pena pesquisar a taxa mais baixa e não checar apenas se a prestação cabe ou não cabe no bolso. Imagine um grupo em que os consorciados poderão retirar cartas de crédito de 300.000 reais. Se a taxa de administração for igual a 15% durante todo o período do consórcio, essa despesa somará 45.000 reais. Já caso a taxa seja de 20%, o custo subirá para 60.000 reais – ou 15.000 reais a mais. A grande diferença faz com que seja muito vantajoso ligar para diversas administradoras para se informar sobre os custos do contrato.

Fique atento à taxa efetiva

Alguns consórcios incluem outros custos além da taxa de administração. A maioria dos consórcios possui um fundo de reserva que será usado para cobrir eventuais perdas com inadimplência. O percentual de consorciados que são contemplados e depois param de pagar as mensalidades é inferior a 2,5% na média nacional. O índice de inadimplência é, portanto, bem mais baixo que o do crédito para veículos, por exemplo, que encostou em 5% nos últimos meses. A administradora do consórcio pode retomar o bem do inadimplente após apenas um mês de atraso no pagamento. Mesmo assim, um veículo avariado, por exemplo, pode não ser suficiente para cobrir a dívida do consorciado que parou de pagar.

É para garantir que em um mesmo grupo todos os consorciados sejam contemplados que existe o fundo de reserva. Os recursos destinados a esse fundo podem chegar a até 5% do valor da carta de crédito. Se sobrar dinheiro, o dinheiro é devolvido aos consorciados ao final do grupo. Outro custo que deve ser considerado pelos interessados é o de seguros prestamistas, por exemplo. O consorciado deve, na verdade, questionar sobre todas as taxas existentes. O BC obriga as administradoras a divulgar a taxa efetiva que engloba todos os custos de um consórcio e facilita a comparação com as propostas de outras administradoras.

Avalie a possibilidade de entrar em um grupo já em andamento

Quem vai entrar em um consórcio com o objetivo explícito de dar um lance para comprar logo o bem desejado deve analisar a hipótese de entrar em um grupo já em andamento. A própria administradora pode ajudar a encontrar uma quota à venda. Nesses casos, os lances costumam ser mais baixos que em grupos que acabam de começar. O cliente deve apenas checar os custos do grupo já em andamento. As taxas de administração dos consórcios estão em queda no Brasil. Grupos antigos podem, então, embutir custos mais elevados.

Seja prudente no comprometimento da renda

Da mesma forma que não é recomendável se endividar demais com linhas de crédito, também é prudente não comprometer um percentual da renda mensal muito elevado ao entrar em um consórcio. Um dos problemas é que o valor das parcelas tende a crescer ao longo do tempo principalmente nos consórcios de imóveis – ao contrário do que acontece no crédito imobiliário. A maioria dos consórcios de imóveis tem os contratos reajustados pelo INCC a cada 12 meses. Esse índice, que reflete a inflação do setor de construção, tem sido elevado nos últimos anos devido ao boom imobiliário. Isso significa que o saldo devedor do consorciado pode ser reajustado em 6% a 7% a cada ano. Se o consorciado não tiver um aumento de renda suficiente para arcar com as prestações crescentes, poderá ter problemas mais à frente.

Uma válvula de escape dos consórcios é a possibilidade de reduzir o valor da carta de crédito almejada caso ainda não tenha havido a contemplação. Dessa forma, dá para reduzir o valor das prestações e evitar a inadimplência. O consorciado, no entanto, poderá ter se contentar com um bem de menor valor.

Pessoas com o nome sujo também terão problemas com a análise de crédito dos consórcios

O consórcio não é uma forma de comprar um bem se você está com o nome sujo. Da mesma forma que na liberação de um empréstimo, o consorciado contemplado também terá de comprovar que não possui um histórico de inadimplência nem teve o nome incluído em algum cadastro como o da Serasa ou da Boa Vista (antigo SCPC) para obter a carta de crédito. A administradora do consórcio tem o direito de negar a liberação da carta de crédito nesses casos – e isso está previsto em contrato.


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